sábado, 13 de agosto de 2011

Caderno de Poesia - Unaí, 1º de Abril de 2001

Na esquina o vento soprava, mas quente...
Fiquei por horas sentado no alpendre esperando que com o vento a folha da samambaia me viesse roçar a nuca.
Teve hora que olhei para rua, vi a noite inteira e clara.
E vi Reginaldo debaixo de um poste
 com a lâmpada apagada pela crise energética.
Era menino ainda,
a rodar o braço tendo entre os dedos um bombril em chamas.
Aquele Reginaldo àquela altura já era ruim,
sempre foi o que é, é bem verdade,
já tinha essa obsessão terrível pelas meninas mulheres,
e compunhas cartas de amor escritas em jejum que escorriam sangue.   

Coincidência ou não,
vi abaixo, vindo comendo feliz da venda, Vanny,
linda, com um colado short cor de pele,
mas não da sua pele,
marcando as celulites e evidenciando o balanço das suas carnes gordas,
o ritmo das burlesco das curvas absurdas.
A presença dela toda brilhava feito inox,
roubando da lua a luz que a lua roubou do sol...
Como dói essa lembrança!  
Se tivesse herdado da minha mãe as faculdades  que ela herdou da minha vó,
eu diria:
- Vanny - e olhando de novo pro menino  e o bombril -
mulher, se contenha, contados estão os dias seus!

Nenhum comentário:

Postar um comentário